terça-feira, 9 de novembro de 2010

Arte do desapego



Compartilho mais um pouco. Não apenas os meus textos imaginários, mas aqueles vividos em primeira pessoa. Depois de um tempo procurando as palavras certas percebi que elas não existem, elas são desenhadas pelos sentimentos. Aqui trago um pouco deles. Com emoção e garganta embargada retomo ao meu ponto de partida. Afastei de tudo, me separei e aqui percebo que tudo ao meu redor está perfeitamente como deveria ser. É aqui nesse ponto que eu realmente gostaria de estar. Nem para mais, nem para menos. Poucos entendem, eu mesma não percebi, mas de tudo que eu vivi nada foi reprovado, nada foi sem meu consentimento. Todas as falas liberadas no ar, todo gesto demonstrado com afinco, todo caminho numa via só, todo sonho compartilhado, foram sim, desejados por mim. Olho e vejo uma vida plena, cheia de inspirações, de leais sentimentos, de cumplicidade, nada do que fiz foi sem total comprometimento. Depois de ler o texto almejando os 30, alcanço-os e consigo realmente desfrutar de um ano forte, cheio de emoções e de muitas novas palavras e escolhas. Começo pontuando a que mais se encaixa nessa fase. Resiliente. Apliquei-a em minha vida desde muito cedo, mesmo antes de saber seu significado. Agora, depois de olhar sua definição, acredito que, realmente muitas pessoas possuem a arte da resiliência. Habilidade que uma pessoa desenvolve para resistir, lidar e reagir de modo positivo em situações adversas. Inclusive eu. Reprovei meus atos, de outrem, chorei, me deprimi, me perdi. Desperto e vejo quanta cor há ao meu redor. Quanto amor, quanta luz. Quantos sons, movimentos, danças, fantasias. Quantos gostos, toques, abraços. Quanta vida. Quanto aprendi, o quanto fui amada e o quanto me beneficiei deste amor. Com certeza uma hora dessas escrevo meu manual. Mas não ainda. Só sei que começo de um novo ponto. Nem acredito que seja um recomeço, mas realmente um começo, onde o meu olhar se volta para mim. Deus está em mim, assim como eu estou nele. E não há nada no universo maior que o nosso poder. Ele nos aprova, nos move, nos eleva ao mais alto patamar: a vida como ela tem que ser.

2 comentários:

Cindy disse...

Como sempre: Lindo!

Marcelo disse...

Eis um daqueles textos que gostaria de ter escrito, porque me desnuda, me define, me espelha em suas linhas tão cristalinas.
Me desapeguei de coisa e atos e pessoas e sentimentos que não me faziam bem, e demorei uma encarnação para perceber isso.
Mas ao perceber, uma nova janela se abriu, e com ela novas portas e possibilidades.
Deixei terrenos acidentados no passado que é seu lugar e hoje me encontro aqui, comigo, que é o meu lugar.
E pleno de certeza e convicção de que agora posso sim colher aquela fruta no ponto mais alto de uma árvore que eu mesmo plantei.
Um tanto hermético esse meu pensamento, confesso, mas foi o que seus pensamentos me despertou.
E amei cada linha sua...