terça-feira, 14 de dezembro de 2010

para sempre



Final de ano tem sabores, cores, melodias e muita vida. Falo isso porque para mim com certeza esse ano terá um tom diferente, na verdade, terá uma palavra para defini-lo: estonteante.
E digo mais. Espero que o significado desse adjetivo – que provoca admiração, perplexidade, deslumbramento – possa servir às pessoas que me emprestaram suas mãos.
E se já dizia o ditado que a união faz a força, no meu caso se fez o Natal. Gostaria que todas as pessoas que confiaram em mim, em meus pedidos e depositaram uma enorme dose de amor, recebessem a gratidão do olhar de cada pequeno que será recompensado por um gesto fraternal.
Gostaria que elas sentissem em minhas humildes palavras toda emoção ao escolher peça por peça de roupa. Cada brinquedo, que por idade foi escolhido com muito cuidado.
Para o Felipe de 10 anos, para a doce e pequena Raissa de apenas um, para Vitória de 12 e para os outros 33, incluindo o passeio no shopping pela primeira vez em 18 anos da linda Deli, tudo foi pensado e programado com muito carinho. Não é só minha essa missão, mas de todos que me ajudam a olhar para frente e acreditar que a vida pode ser sim especial para essas crianças.
Encho os pulmões para dizer o meu muito obrigada. Não vou dispensar todas as palavras agora, mesmo porque ainda tenho que entregar todos os presentes, então a melhor parte prometo que ficará para depois.
Assim que eu olhar cada uma delas saboreando cada detalhe desse momento, eu vou tentar transmitir aqui toda minha alegria. Quero deixar transbordar a emoção que começou há pouco mais de um mês tomar conta de todo o meu ser. E irradiar essa luz que está em mim a todas as generosas pessoas que mesmo sem me conhecerem poderão ver através de meus olhos o quanto é bom estar vivo para sentir esse dia presente.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A lista



Minha lista de 2010, talvez não entre todos os agradecimentos em forma concreta, mas em peso, tão quanto, estão dentro do meu ser.

Olhar uma lua estonteante em meio ao caos no 1º de janeiro
Sentir falta do ar com o banho de cachoeira
Andar de mãos dadas com a Sophia na subida de uma montanha
Escutar uma sinfonia de sapos
Ter uma coruja como companhia
Não entender o óbvio
Pedir muito, quando só se quer o necessário
Sentar ao lado da melhor idade só para ter a sensação de ali estar
Sentir a gratidão e se enriquecer por isso
Passar os dedos, sentir com o coração
Amar desenfreadamente
Compreender que o amor não se prende
Chorar com a alma despedaçada
Respeitar o inaceitável
Desejar dizer aquele muito obrigado
Perdoar e ser perdoada
Abrir as portas para o novo
Família de braços abertos
Começar
Sentir o afago dos amigos
Elaborar um caminho
Por o olhar para o lado
Respeitar a vida
Amá-la incondicionalmente, ter certeza que ela é única
Presentear-me com um bom dia
Amar-me, respeitar-me
Ser compreendida e incompreendida
Por gostar cada dia de uma cor
Sentir o doce e o azedo
Tirar uma doçura chamada delícia da gaiola
Ter um doce feito mel na minha cama
Um belo jardim para curtir
Beija-flores a visitar
Uma sala cheia de pensamentos masculinos
Um trabalho
Uma oração
O Centro da Tia Nena
Uma dança para circular
Uma vida para embalar
Crianças a me esperar
Um porto-seguro onde posso sempre chegar.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

por que haveria de ser


Sentada de pernas cruzadas, como se olhasse um X, Céu se pergunta: o que não haveria de ser tão doce? Se até as nuvens formam sorvetes e gomas, por que não encontro doces palavras para descrever o que me prende? Agora que aprendi a voar, que tateei o invisível, que aprendi a olhar sozinha, que vi as lágrimas se enxugarem, por que haveria eu ter que descrever o amargo, já que o doce é melado por si só? Não, não haveria de ser tão doce o passo deixado sem sentido, o amor despejado com pesar, a canção sem melodia. A poesia pulsa: é livre, é abstrata, é palpável, é bela, é fatídica, é estonteante. Por que haveria eu ter que definir o medo, o caos, o vazio, já que eles não mais me pertencem? Como ousas me pedir para parar agora que aprendi a correr. Como queres que me faça de desentendida agora que aprendi a interpretar. Decifro enigmas, decifro o peso de um verso, mas não consigo decifrar a falta de extensão. Caminho entre montanhas e planícies, de terra molhada e cerrado árido, de curtas e longas estradas. De tão doce faço sol, de tão tenso chuva se faz. Nada se prende, tudo se faz livre. Nada se cobra, tudo se doa. Nem palavras, nem gestos, nem símbolos. Jogados ao ar no céu está. Não se toca o inatingível se nele não quiseres entrar.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

palavras não ditas


Sinto como se fosse ontem depois que amanheci não sei se resolvi ou foi resolvido mas algo senti quando uma súbita vontade surgiu em escrever sem pontuar já que pontos nos fazem parar às vezes em frases que não queremos assim sinto que algumas frases foram interrompidas por vírgulas, interrogações e espaços vazios que agora quero preencher sem que ninguém me questione o por que dessa loucura já que dentro de mim desperta essa latente sensação de que algumas palavras ficaram no ar sem descrição compreensão e devida atenção então peço que não se preocupe com a falta de pontuação não será ela a culpada do mal entendido dessa vez sei que minha garganta engasgou por muitas vezes com uma pausa desnecessária e não me venha com falta de entendimento é para você que não disse o que estava no âmbito de meu ser escondido no meu desvario pensamento debaixo de um monte de ideias e ideais você não deu a devida consideração agora os pontos ficaram e as palavras perambulam pelo ar sem alguém para escutá-las

Viajante



A brisa bate em seu rosto suavemente. Navegando em seu barco, sente a marola como se ela o levasse para bem longe dali. Ele sente que chegou à hora. Mergulha dentro de si. Em uma procura frenética no recôndito de sua mente. Corre o mundo a procura do indefinido. Mas não o vê. A sua frente um menino: destemido, meio sem saber pergunta ao viajante – O que procuras? Sua inquietação não passa. Ele não escuta. Ficcionado pela perfeição procura pelos caminhos mais tortuosos para acalentar sua alma. O menino vendo sua aflição pergunta novamente – Já procurou no lugar certo? Chocado com tantas questões mal resolvidas ele não se atenta ao que escuta. Simples – mente ele não sabe o que se passa. Não percebe o futuro, não contempla o agora. Mente, simples, como se nada estivesse por vir, vendo que nada muda. Uma marola mais forte o faz cair em si. Ao olhar ao redor nada vê. Não existe o que ver apenas sua plena imagem refletida na água. – O que procuras? Pergunta novamente o menino. Ciente do que ouviu procura pela criança dentro do barco, mas no presente ela não está.

No mais amplo sentido da palavra, viajar é mergulhar.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

meu favo de mel


Doce, doçura, delícia. Mel.
A vida combina composições, melodias.
Sons e dons.
Sensibilidade, frescura boa.
Arte, desordem.
Tudo de uma perspectiva deliciosamente nova.
Carinho, afago, melar, melosa.
Serena, agitada, bela.
Vida, existência, vitalismo, vitalidade.
Sopro, aura, fio vital, animação.
Corre em minha frente, pulsa em minhas veias.
Sinto seus pelos em meus dedos.
Deita em meu colo. Afaga meu momento.
Companhia de meus dias.
Alegria de minhas noites.
Vaga-lumes na escuridão.
Meu amor faz mais sentido assim.

vale por mil palavras


De repente me vi no meio de uma decisão
Quando olhei já estava em meu colo
Ao dar por mim um ano se passou
No seu olhar um brilho de criança
Ao crescer uma flor que desabrocha
Em seu caminho conhecimento
Ao seu redor amor verdadeiro
Diante de mim uma pequena notável
Diante de seus olhos um tesouro divino
Mãe e filha
Alessandra e Sophia
De sorriso extenso, olhar em sintonia
O amor de um ser só

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Arte do desapego



Compartilho mais um pouco. Não apenas os meus textos imaginários, mas aqueles vividos em primeira pessoa. Depois de um tempo procurando as palavras certas percebi que elas não existem, elas são desenhadas pelos sentimentos. Aqui trago um pouco deles. Com emoção e garganta embargada retomo ao meu ponto de partida. Afastei de tudo, me separei e aqui percebo que tudo ao meu redor está perfeitamente como deveria ser. É aqui nesse ponto que eu realmente gostaria de estar. Nem para mais, nem para menos. Poucos entendem, eu mesma não percebi, mas de tudo que eu vivi nada foi reprovado, nada foi sem meu consentimento. Todas as falas liberadas no ar, todo gesto demonstrado com afinco, todo caminho numa via só, todo sonho compartilhado, foram sim, desejados por mim. Olho e vejo uma vida plena, cheia de inspirações, de leais sentimentos, de cumplicidade, nada do que fiz foi sem total comprometimento. Depois de ler o texto almejando os 30, alcanço-os e consigo realmente desfrutar de um ano forte, cheio de emoções e de muitas novas palavras e escolhas. Começo pontuando a que mais se encaixa nessa fase. Resiliente. Apliquei-a em minha vida desde muito cedo, mesmo antes de saber seu significado. Agora, depois de olhar sua definição, acredito que, realmente muitas pessoas possuem a arte da resiliência. Habilidade que uma pessoa desenvolve para resistir, lidar e reagir de modo positivo em situações adversas. Inclusive eu. Reprovei meus atos, de outrem, chorei, me deprimi, me perdi. Desperto e vejo quanta cor há ao meu redor. Quanto amor, quanta luz. Quantos sons, movimentos, danças, fantasias. Quantos gostos, toques, abraços. Quanta vida. Quanto aprendi, o quanto fui amada e o quanto me beneficiei deste amor. Com certeza uma hora dessas escrevo meu manual. Mas não ainda. Só sei que começo de um novo ponto. Nem acredito que seja um recomeço, mas realmente um começo, onde o meu olhar se volta para mim. Deus está em mim, assim como eu estou nele. E não há nada no universo maior que o nosso poder. Ele nos aprova, nos move, nos eleva ao mais alto patamar: a vida como ela tem que ser.