terça-feira, 23 de novembro de 2010

Viajante



A brisa bate em seu rosto suavemente. Navegando em seu barco, sente a marola como se ela o levasse para bem longe dali. Ele sente que chegou à hora. Mergulha dentro de si. Em uma procura frenética no recôndito de sua mente. Corre o mundo a procura do indefinido. Mas não o vê. A sua frente um menino: destemido, meio sem saber pergunta ao viajante – O que procuras? Sua inquietação não passa. Ele não escuta. Ficcionado pela perfeição procura pelos caminhos mais tortuosos para acalentar sua alma. O menino vendo sua aflição pergunta novamente – Já procurou no lugar certo? Chocado com tantas questões mal resolvidas ele não se atenta ao que escuta. Simples – mente ele não sabe o que se passa. Não percebe o futuro, não contempla o agora. Mente, simples, como se nada estivesse por vir, vendo que nada muda. Uma marola mais forte o faz cair em si. Ao olhar ao redor nada vê. Não existe o que ver apenas sua plena imagem refletida na água. – O que procuras? Pergunta novamente o menino. Ciente do que ouviu procura pela criança dentro do barco, mas no presente ela não está.

No mais amplo sentido da palavra, viajar é mergulhar.

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