terça-feira, 25 de março de 2008

Nas paredes do casarão

A gargalhada ecoou pelo ambiente e quebrou o silêncio. Em volta da grande mesa de madeira a família se reunia. Um costume que se arrastava há anos e que unia os mais diversos sentimentos. Entre uma conversa e outra uma fartura de doces em compotas, guloseimas, pães e sucos. Quase tudo feito na hora, no calor do dia, com o forno de testemunha. A algazarra tomava conta do casarão. Nas paredes, marcas de uma história de gerações escrita por José e Ana. Ele, apesar de pequeno na estatura era grande na capacidade de ajudar os que lhe pediam. Forte, perspicaz era uma aroeira em forma de gente. Companheira, sempre ao lado de José, ela tinha a voz branda e o olhar seguro. Juntos, sentados, andando, colhendo, eles plantaram sementes e recolheram flores pelo caminho. Frutos de um amor arranjado, prometido, mas consumado. De Ana nasceram os filhos. À mesa se portava os netos e era assim que Marina se recordava. Passado dez anos, a moça de pouca fala e cabelos escassos, se calou pela distância. Saudosa, Marina percebeu que havia crescido. O tempo não estava ao seu lado, pois o achava rápido demais. Os ponteiros do relógio de bolso, herança de seu avô, passavam acelerados aos seus olhos. Sim, ela cresceu. E com ela, veio o desgosto da separação, que para ela, era seu maior pesadelo. O crescimento lhe trouxe amadurecimento. Sim, ela reconhecia. Mas com ele, de mãos dadas, veio a saudade. Palavra que martelava seu coração. Como doía sentir a distância. A larga estrada que a separava de tudo aquilo que amava. Sozinha, continuava sua história, não completamente da maneira que queria, ultrapassando os percalços, mas seguindo seus passos junto a ela. Do amor se fez a lembrança. Da saudade a eterna criança. Da infância a mesa farta. Da fartura a família que amava. Adormeceu sentindo nas paredes parte daquilo que lhe pertencia nos doces sabores de uma enorme distância.

* Em especial às pessoas que me amam incondicionalmente e que estão no meu caminho para que eu seja um ser melhor nesse mundo de verdades e presentes.

6 comentários:

Anônimo disse...

Marina,o passado se fez presente,e a beleza de rever a família, fora de moda hoje,deixou-me emocionada e as lágrimas cairam imperceptiveis saudosas,doloridas e ao mesmo tempo felizes pela beleza do texto.Como é bom ler o seu.Sua admiradora Tulúcia

Anônimo disse...

Belo....belissímo...adorei...cada letra unida com o coração, reviveu momentos indescritíveis para muitos e que são infinitos para quem viveu...Maarina, você é boa na arte de escrever.a Tula

aluaeasestrelas disse...

"Do amor se fez a lembrança. Da saudade a eterna criança. Da infância a mesa farta".
Muito lindo. Que a fartura das lembranças traga sempre a certeza que a vida é coisa mesmo maravilhosa.

Beijos,
Fernanda Ribeiro.

Anônimo disse...

Esse texto mostra a verdade de todas as familias, vivida por geraçoes.No começo Ainda sao poucos na familia, depois vai crescendo e a mesa de madeira que cabia quatro pessoas, tera que aumentar não sera mais quatro pessoas, sera dez,vinte porque cada ano que passa nasce uma pessoa que faz parte da familia.

Esse comentario faz parte de um trabalho da escola Maria Carolina de Lima, com ajuda da professora Sandra de Lingua Portuguesa e as aluna Adriane, Bianca thaynara e Janaina da 6 serie A.

Anônimo disse...

meu comentario,é tristeza ao mesmo tempo alegria.Por que à muita historia nestas paredes casarão.

Laura e Marina disse...

Como aconteceu nas gerações esse texto mostra todas as verdadeiras vidas das famílias.A mesa de madeira,putz!coitada ficou para tráz...A familia vai aumentando,e cada vez que aumenta precisa de mais cadeiras para sentar e a mesa de madeira só com as quatros nao cabem mais e por isso que tem que ir aumentando porque com os tempos vai nascendo mais pessoas e morrendo algumas.

Esse trabalho foi feito pela Escola Maria Carolina de Lima,ela professora de lingua portuguesa Sandra Tavares e as alunas Laura e Rita da 6ºserie A.